sábado, 3 de dezembro de 2011

A eterna disputa por cargos

Reproduzo abaixo editorial publicado na edição de 25 de novembro do Jornal Panorama.

A eterna disputa por cargos
Declarações aqui e ali de vereadores nesta semana revelaram o pano de fundo para a confusão envolvendo a disputa de comando do Legislativo. Trata-se daquela que é uma das situações mais abomináveis da política atualmente, qual seja a eterna disputa por cargos em troca de poder.
Isso não é novidade em Taquara, uma vez que a disputa por estes cargos foi, como se sabe, a grande motivação para o acordo fechado antes do atual mandato que determinava os quatro presidentes da Câmara de Vereadores na atual legislatura. Sabia-se, desde o começo de 2008, a quantos cargos teria direito cada vereador. E o desfecho lamentável veio do temor de que estas combinações não fossem cumpridas pelo futuro presidente.
A situação também não é exclusividade de Taquara, uma vez que está impregnada na política brasileira. Não se defende aqui a pura e simples extinção dos cargos de confiança. Eles são, sim, essenciais para o bom funcionamento da máquina pública, afinal, os agentes políticos precisam ser assessorados por pessoas de sua proximidade. O que não se pode admitir é a proliferação indiscriminada de CC’s, como verificado nas instituições públicas de todo o País.
Citar um exemplo de aberrações neste sentido não é difícil, bastando, para isso, tomar para o caso a própria Câmara de Vereadores de Taquara, envolta na polêmica eleição legislativa. É inconcebível que as próprias leis que regulam o quadro de cargos do Poder Legislativo taquarense estabeleçam que apenas cinco sejam as funções providas por concurso público. O restante dos funcionários da Câmara, diz a lei, será nomeada por meio de cargo de confiança. A distorção é tão evidente, que somente os interesses políticos-partidários explicam a manutenção destas regras até hoje no Legislativo.
O que se espera é que todo o embate envolvendo o pleito para a mesa diretora da Câmara, incluindo aí a disputa pelo poder em forma de cargos, sirva para mostrar aos políticos o quanto se abomina esta prática. A expectativa é de que os vereadores acordem para a necessidade de qualificar o quadro de funcionários na Câmara, o que exige, obrigatoriamente, diminuição do número de cargos de confiança, alguns deles atualmente nomeados para funções apenas burocráticas. Fica também a esperança de que a disputa por poder seja feita de forma mais transparente, em benefício da comunidade e não contemplando somente o próprio umbigo.

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