sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Construção coletiva

Reproduzo abaixo editorial do Jornal Panorama, publicado na edição de 14/10/2011.

Construção coletiva
Dando fim a uma espera que demorou 13 anos, o Vale do Paranhana pode finalmente dizer, desde segunda-feira, que conta com uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Inaugurada no hospital Bom Jesus, de Taquara, a estrutura trás consigo o significado de que a união de uma comunidade pode, sim, fazer a diferença.
Taquara teve em 2008 o caos instalado com a falta de atendimento hospitalar. Naquela ocasião, o Conselho Regional de Medicina (Cremers), que levou a efeito a interdição do então Hospital de Caridade, ponderou que talvez a medida fosse necessária para a construção de uma casa de saúde digna do atendimento à comunidade. Em que pese o duro período de um ano e quatro meses sem ter hospital, os taquarenses vivem hoje a confirmação de que, às vezes, é preciso se chegar ao fundo do poço para a conquista de mudanças significativas.
A interdição provocou reviravoltas enormes em como o setor de saúde é tratado em Taquara. Primeiro, a administração pública, e aqui não se fala de governos em específicos, chamou para si a responsabilidade de manter em funcionamento o único hospital da cidade, requisitando os bens e serviços do então Caridade. Entendendo que não é sua especialidade administrar hospitais, o Executivo buscou a parceria do Sistema de Saúde Mãe de Deus. No período de reformas, os que estavam à frente delas souberam chamar a comunidade a fazer a sua parte e contribuir. E não foram poucos os gestos de que os taquarenses sabem se unir quando o bem maior, no caso o hospital, estava em jogo.
Os reflexos de toda esta “construção coletiva” foram demonstrados nesta semana. Afinal, a inauguração de 18 leitos novos no hospital, que conquistou os esperados 100 quartos, é resultado de uma parceria comunitária com a principal cooperativa médica da região. E a abertura da UTI é reflexo de um processo de pressão política junto ao governo do Estado, exercida pela Associação de Municípios do Paranhana (Ampara). Para tanto, foi essencial a união dos seis prefeitos da região em torno do tema. União esta que ficou explícita na segunda-feira, quando todos eles fizeram questão de presenciar a inauguração da UTI, congratulando-se com a alegria de Taquara que abriu a tão esperada unidade.
Mas a “construção coletiva” não pode parar por aqui. É preciso que continue nos avanços ainda necessários à própria UTI, como o credenciamento de novos serviços. Imperativo também que a união e diálogo sejam marcas das negociações que envolvem a dívida trabalhista do antigo Caridade, pendenga que ainda ameaça o funcionamento do hospital taquarense. Advogados, reclamantes e Prefeitura precisam chegar a um consenso que garanta o direito dos ex-funcionários, mas que também não represente prejuízo à comunidade taquarense. E que não interrompa a série de boas novas do agora Hospital Bom Jesus.

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