domingo, 10 de julho de 2011

Controle social

Reproduzo abaixo editorial do Jornal Panorama desta semana (08/07/2011), tratando da Conferência Municipal de Saúde de Taquara.

Controle social
O último sábado foi dedicado, em Taquara, às discussões sobre o setor de saúde, com a realização da sétima edição da Conferência Municipal de Saúde. O evento, realizado na Unipacs, resultou num conjunto de propostas a ser defendido por delegados eleitos durante a conferência no evento de âmbito estadual.
O que chamou a atenção, contudo, foi uma proposição feita por um dos eixos temáticos, sugerindo uma moção de repúdio à baixa participação da classe médica nos debates. Como era de se esperar, a moção proposta gerou intenso debate entre os participantes e, posta em votação, acabou sendo rejeitada por 19 votos contra oito.
Mesmo tendo sido rejeitada, a moção serve para levantar um debate muito mais extenso do que apenas debitar na classe médica a pouca representatividade do evento. Como bem salientou um dos médicos presentes, esta pouca participação decorre de um processo de descrença no setor público, principalmente no Sistema Único de Saúde.
Se houve pouca representação da classe médica, e ela houve, uma vez que apenas dois médicos marcaram presença durante os debates, essa baixa participação também foi de outros setores. Mas, acima de tudo, a falta foi da comunidade taquarense. Numa cidade com mais de 55 mil habitantes, um grupo restrito a cerca de cem pessoas esteve no evento.
Mas se houve baixa representação da comunidade, também houve do poder público. O Legislativo, por exemplo, esteve presente nos debates com apenas dois vereadores durante todo o encontro. Com tantas cobranças sobre o setor de saúde externadas nas sessões ordinárias semanais, era de esperar que a Câmara estivesse em peso no encontro. A Prefeitura de Taquara, por sua vez, esteve representada por apenas dois secretários municipais.
Portanto, muito mais que o simples débito na classe médica, a pouca representatividade da Conferência Municipal de Saúde mostra que ainda é preciso avançar, e muito, na importância que se dá a este tipo de evento. É nele que se tem a oportunidade de exercer o controle social sobre os serviços prestados pelo Estado aos contribuintes. Somente por conferências como estas é que se pode garantir que os governos destinem os seus investimentos para aquilo que é considerado importante.

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