Acidente de trânsito é uma das piores coberturas que o jornalismo nos impõe a fazer. Pois então imaginem um acidente em que morrem 26 pessoas, como essa tragédia que abalou o Estado neste Carnaval de 2011. A colisão entre uma carreta e um ônibus é daqueles acidentes que chocam, abalam e fazem nós pensar por quanto tempo ainda teremos que noticiar tragédias no trânsito do Brasil. Eu já fiz cobertura de acidentes de trânsito com mortes e, na maioria das vezes, a gente acaba se abalando junto.
Mas neste domingo, procurando algo alternativo para assistir pela internet, uma vez que não sou muito fã dessa badalação dos desfiles de escolas de samba, fui tentar ver o que estava passando na TVCOM, emissora gaúcha. A surpresa que tive, porém, foi ver a TVCOM transmitindo ao vivo o velório das 26 pessoas que morreram na tragédia do trânsito em Descanso (SC).
É impossível deixar de condenar este tipo de exploração jornalística de um caso como este. Não há valor jornalístico em transmitir ao vivo um velório. Este tipo de material se faz uma matéria, coloca-se no ar e pronto. Essa transmissão foi só guerra por audiência, completamente injustificada. Pena para o nosso jornalismo, ainda ter que conviver com casos como este, em que só a grana da audiência é que manda nos princípios editoriais. Respeito com as famílias enlutadas? Capaz, isso é secundário.
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